O Manejo Emocional

O Manejo Emocional

Não existe um comportamento padrão frente ao diagnóstico do câncer. Mecanismos de defesa como negação, agressão, sublimação, entre outros, costumam se expressar. Estes não devem ser contrariados, eles precisam ser respeitados. O paciente interage com seu inconsciente e como conseqüência elege um mecanismo de defesa para alcançar o equilíbrio emocional na situação de crise.

Todos os pacientes sabem o que tem. Se assim não fosse, não desenvolveriam mecanismos de defesa. O profissional médico deve buscar um diálogo franco com o paciente, respeitando o ritmo ditado por este. Nunca o médico deve colocar sua ansiedade acima da ansiedade do paciente. Preliminarmente, é necessário cativar a confiança. Esta não é apenas dependente de um bom conhecimento técnico sobre o câncer. É importante demonstrar serenidade, equilíbrio afetivo e determinação em ajudar.

Ficar doente faz parte da vida. Raras e afortunadas são as pessoas que passam pela vida e nunca ficam doentes. Morrem de forma súbita com idade avançada. Infelizmente, o câncer é uma das doenças mais prevalentes. Pode ocorrer em qualquer idade. A criança reage com naturalidade, não tem noção preconcebida da gravidade e busca viver normalmente, integrando o tratamento às atividades de sua vida diária. O idoso desenvolveu complacência ao longo da vida. Freqüentemente, já foi exposto a outras doenças, aprendeu a lidar com elas e este aprendizado pode ser transferido para o manejo do câncer. Suas preocupações são mais objetivas, relacionadas com perda de autodeterminação, dependência financeira e conseqüente interferência com o equilíbrio familiar. O adulto médio está na idade mais produtiva de sua vida, tem grandes responsabilidades profissionais e familiares, tem visão crítica apurada sobre como orientar sua vida. O diagnóstico do câncer no adulto médio interfere inevitavelmente na dinâmica familiar e profissional. O paciente adulto busca no profissional médico um apoio técnico e emocional não somente para tratar o câncer, mas também uma orientação para re-equilibrar sua vida. O adolescente jovem questiona o diagnóstico, mas é permeável à explicação racional. Exige clareza de linguagem e trabalha com fatos, costuma ser direto e objetivo nos seus questionamentos Com freqüência, reage agressivamente, tem comportamento imediatista, tende a subestimar a importância e a seriedade do tratamento. Deve ser conduzido com disciplina, atenção continuada e modulação afetiva.

A despeito da idade, a essência do manejo emocional está na competência técnica do médico assistente, na sua percepção, sensibilidade e genuíno comprometimento com o atendimento integral às expectativas do paciente.

Auxílio psicológico ou psiquiátrico somente é necessário quando existe uma doença emocional precedendo o diagnóstico do câncer ou quando ocorrem desvios patológicos de comportamento.

Ansiedade e depressão são reações normais e tem duração temporária, raramente excedendo três meses após o diagnóstico. Freqüentemente, o paciente alterna ansiedade e depressão leves. Raramente, necessitam de tratamento medicamentoso, porém há necessidade de acompanhamento médico e diálogo continuado, reafirmando as possibilidades de recuperação.