A Integração do Grupo de Trabalho e Consenso

A Integração do Grupo de Trabalho e Consenso

A oncologia é uma especialidade médica que trabalha com a integração do conhecimento e das habilidades técnicas de múltiplos profissionais.

Um dos sinais mais freqüentes e fortemente sugestivos de câncer é a presença de um nódulo (tumor com até três cm de diâmetro) ou massa (tumor com mais de três cm de diâmetro). Este aumento de volume pode ser referido pelo próprio paciente ou pelo médico por ocasião de um exame físico rotineiro.

O diagnóstico passa por um ato cirúrgico que consiste em uma biópsia. Esta pode ser incisional, quando apenas um fragmento da lesão é removido ou excisional quando toda a lesão é removida.

A atividade transdisciplinar do médico oncologista inicia com uma boa relação de trabalho com o médico cirurgião, que freqüentemente tem conhecimento e habilidades setoriais anatômicas e concentra grande e valiosa experiência na área específica de sua atuação, por exemplo, neurocirurgia, cirurgia torácica, urologia, ginecologia, cirurgia do aparelho digestivo, entre outras tantas e igualmente importantes.

O cirurgião fornece informações essenciais para a avaliação correta da extensão loco-regional do tumor (estadiamento) e da condição de retirá-lo completamente (ressecabilidade). O adequado diálogo entre o oncologista e o cirurgião permite avaliar, ainda, a condição clínica para que o paciente possa submeter-se ao ato cirúrgico com o menor risco possível. Este exercício é chamado de operabilidade. Na definição de operabilidade outras consultorias podem ser necessárias.

O número de consultorias é dependente da existência de comorbidades. Por exemplo, se o paciente é diabético (doença hormonal ligada ao metabolismo da glicose) é necessário o envolvimento de um médico especializado em endocrinologia, se tem insuficiência cardíaca ou doença coronariana, é aconselhável a participação de um cardiologista, inclusive durante o ato cirúrgico.

Múltiplas especialidades médicas poderão ser consultadas na dependência das necessidades impostas pelo caso clínico. Pacientes severamente doentes, que apresentam múltiplas comorbidades podem necessitar diversos profissionais. O envolvimento de múltiplas consultorias é um ato de responsabilidade médica e nunca deve ser sonegado.

Nenhum profissional, por mais experiente ou reconhecido que seja, detém todo o conhecimento médico.

Harmonizar estas relações entre profissionais é um ato indispensável para resultados bem sucedidos. Este é também um ato de humildade, pois compartilha decisões sem deixar de constantemente exercitar uma posição crítica.

Após o ato cirúrgico, um outro profissional médico entra em cena. Trata-se do médico patologista. Ele examina cuidadosamente e descreve a peça cirúrgica retirada (exame de macroscopia) que é preservada em formalina, faz cortes dos segmentos mais representativos da doença, inclui em parafina, cora com hematoxilina-eosina e faz cortes microscópicos com o auxílio de um aparelho chamado micrótomo. Estes cortes microscópicos são colocados em uma lâmina de vidro e examinados com um microscópio, o que permite a visualização das células e tecidos, evidenciando o diagnóstico e a classificação do tumor (exame de microscopia). O diagnóstico microscópico é morfológico e depende, portanto, da forma das células e dos agrupamentos celulares que constituem padrões definidos para cada tipo de câncer. Este diagnóstico feito em um fragmento de tecido tem que necessariamente coincidir com a expressão clínica padrão da doença e, portanto é fundamental integrar o conhecimento do médico oncologista com o do médico patologista. Este exercício aumenta a segurança diagnóstica.

Diagnósticos seguros são a base para a obtenção dos melhores resultados terapêuticos descritos na literatura.