A Dinâmica Familiar

A Dinâmica Familiar

O diagnóstico e tratamento do câncer mobilizam toda a família. A manifestação inicial e mais freqüente é a ansiedade. A família sente-se frágil, pois foi agredida por uma doença grave, de comportamento incerto e que exige decisões imediatas.

O paciente costuma apoiar-se na família e divide com ela a responsabilidade da tomada de decisões. Este é um contexto de risco, pois a família não tem as condições técnicas e nem a neutralidade emocional necessárias para assumir esta responsabilidade.

Não pode ser gerado um ciclo vicioso de inseguranças.

A família deve estimular o diálogo do paciente com o médico assistente. A família pode e deve buscar ativamente contato com o médico assistente, que deverá inspirar segurança no manejo da doença e do paciente. Médico assistente e família devem atingir sintonia de comunicação.

Cabe ao médico assistente, com competência, neutralidade, sensibilidade e sinceridade de propósitos, organizar a dinâmica familiar. A família não deve colocar sua ansiedade acima da ansiedade do paciente. A família não deve funcionar como um escudo, bloqueando o diálogo franco do paciente com seu médico assistente. Evitar este diálogo é uma atitude de ambivalência e de pseudoproteção. Retarda a retomada do equilíbrio emocional e dificulta o processo decisório.

Todas as decisões somente podem ser tomadas pelo paciente. O médico assistente faz uma recomendação. Deve fornecer todos os elementos necessários para sustentar sua recomendação. Deve estar disponível, permanentemente, para questionamentos do paciente e da família. Todo o diagnóstico de câncer é encarado como uma urgência por parte da família. A ansiedade pode sobrevir a qualquer momento. O médico não pode se tornar indisponível, mesmo durante a noite, pois ironicamente é quando a ansiedade se magnifica. Sempre que a família busca o contato com o médico, este deve ser receptivo, demonstrar segurança e serenidade e reafirmar as recomendações.